terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Uso de nome social na Ales é rejeitado pelo Plenário


Após um princípio de discussão entre os deputados Claudio Vereza (PT) e o deputado E.S. (PDT) sobre qual parecer teria preferência de votação e algumas justificativas de voto de parlamentares que votaram contra a matéria, foi rejeitado pelo Plenário da Assembléia Legislativa (Ales), na sessão ordinária desta segunda-feira (24), o Projeto de Resolução (PR) nº 4/2014, de Vereza, que assegurava a utilização do nome social por travestis e transexuais no âmbito do Legislativo Estadual.
A proposta apontava o nome social como a forma pela qual as pessoas se reconhecem e são reconhecidas, são identificadas, denominadas na comunidade e na sociedade. De acordo com o PR, sua utilização poderia ser feita nas seguintes situações: identificação funcional de uso interno (crachá); comunicações internas de cunho administrativo e/ou social; endereço de correio eletrônico; lista de ramais; e nome de usuário em sistemas de informática.
O projeto havia recebido parecer oral pela constitucionalidade na Comissão de Justiça e pela aprovação da Mesa Diretora. Porém, foi rejeitado pelos colegiados de Cidadania e Finanças. Ao ir para votação em Plenário, acabou prevalecendo o segundo parecer, que foi aprovado pelos parlamentares com 19 votos a favor e cinco contrários, dessa forma, a matéria foi rejeitada pelo maioria e arquivada.
O deputado Claudio Vereza lembrou que a Casa é democrática e que era um direito da maioria rejeitar a proposta, porém, manifestou sua tristeza ao que chamou de interferência de princípios religiosos num tema referente à vida social. “Há uma inversão da lógica, o Brasil não é mais um Estado religioso. Respeito os princípios de cada um, mas o religioso não pode sobrepor o laico. A Declaração Universal dos Direitos Humanos garante o respeito à diversidade e o caráter laico do Estado deveria garantir isso”, afirmou.
Vandinho Leite (PSB) refutou as palavras do colega. Segundo o parlamentar, algumas vezes tentam colocar o “carimbo” da religião quando se vota contrariamente a determinados projetos. “Foi assim na questão da bebida nos estádios. Minha posição não é religiosa, é de quem estuda as matérias antes de vir para cá. Eu fui secretário de Esportes e discuti o tema inúmeras vezes. Temos que discutir a legalidade das propostas”, declarou.
Já o deputado Atayde Armani (DEM), que também votou contra o projeto, lembrou que existem outros caminhos para quem deseja usar um nome diferente do qual nasceu. “Tem dois cidadãos que eu respeito muito: o Pelé e o Lula. Não foi criada lei para que estas pessoas fossem denominadas Lula e Pelé. Se quer instituir um nome é só ir ao cartório. O Lula fez, o Pelé, não. Não vejo por que essa polêmica nesta Casa por causa desse ou daquele nome”, ressaltou.

Outros parlamentares como Esmael Almeida (PMDB), Aparecida Denadai (PDT) e Marcos Mansur (PSDB) também usaram a palavra para justificar seus votos contrários ao PR 4/2014. 

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