O texto do evangelho desta noite de Natal se oferece mais à
nossa contemplação que à nossa reflexão, mesmo porque não dispomos de espaço
suficiente para comentar o texto. Somente duas ideias, mais pastorais que exegéticas.
“Não havia lugar para eles na hospedaria” (v. 7). Depois de
longa viagem de Nazaré a Belém, o que mais se poderia desejar seria um bom
lugar para descansar, ainda mais quem está nos dias de dar à luz. Uma das
tantas grutas que abrigava o rebanho dos pastores será o lugar que irá acolher
o Filho de Deus, que se fez carne no seio da Virgem Maria. Este fato,
certamente, prepara o anúncio de “uma grande alegria” aos pastores (cf. v. 10).
Mas a notícia de que não havia lugar para eles na hospedaria deveria despertar,
no leitor ou no ouvinte do evangelho desta noite santa, o desejo de acolhê-lo,
o desejo de que ele tenha abrigo e proteção, o desejo de contemplá-lo e
servi-lo, o empenho de abrir espaço na vida para que ele permaneça conosco, ele
que é o Emanuel.
“Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de
todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o
Cristo Senhor” (vv. 10-11). De pecadores e impuros, em razão da própria
profissão, os pastores são os primeiros destinatários da Boa-Nova. O que hoje
acontece mais tarde, Jesus, tendo o poder da palavra, vai esclarecer: “O Filho
do Homem veio buscar e salvar o que estava perdido” (Lc 19,10). Num período
posterior ao Novo Testamento, os pastores passam a ser símbolos da Igreja
portadora desta grande alegria e enviada a proclamar as maravilhas que Deus fez
por seu povo em Jesus Cristo. “Glória a Deus no mais alto dos céus…” (v. 14).
Carlos Alberto Contieri, sj
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