quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

O anúncio de uma grande alegria


O texto do evangelho desta noite de Natal se oferece mais à nossa contemplação que à nossa reflexão, mesmo porque não dispomos de espaço suficiente para comentar o texto. Somente duas ideias, mais pastorais que exegéticas.
“Não havia lugar para eles na hospedaria” (v. 7). Depois de longa viagem de Nazaré a Belém, o que mais se poderia desejar seria um bom lugar para descansar, ainda mais quem está nos dias de dar à luz. Uma das tantas grutas que abrigava o rebanho dos pastores será o lugar que irá acolher o Filho de Deus, que se fez carne no seio da Virgem Maria. Este fato, certamente, prepara o anúncio de “uma grande alegria” aos pastores (cf. v. 10). Mas a notícia de que não havia lugar para eles na hospedaria deveria despertar, no leitor ou no ouvinte do evangelho desta noite santa, o desejo de acolhê-lo, o desejo de que ele tenha abrigo e proteção, o desejo de contemplá-lo e servi-lo, o empenho de abrir espaço na vida para que ele permaneça conosco, ele que é o Emanuel.
“Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor” (vv. 10-11). De pecadores e impuros, em razão da própria profissão, os pastores são os primeiros destinatários da Boa-Nova. O que hoje acontece mais tarde, Jesus, tendo o poder da palavra, vai esclarecer: “O Filho do Homem veio buscar e salvar o que estava perdido” (Lc 19,10). Num período posterior ao Novo Testamento, os pastores passam a ser símbolos da Igreja portadora desta grande alegria e enviada a proclamar as maravilhas que Deus fez por seu povo em Jesus Cristo. “Glória a Deus no mais alto dos céus…” (v. 14).

Carlos Alberto Contieri, sj

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