Foi promulgada, em sessão solene do Congresso nesta
terça-feira (2), a Emenda Constitucional 84, que aumenta em um ponto percentual
os repasses de impostos federais ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
Só em 2015, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) estima em R$ 2,2
bilhões o acréscimo do montante a ser destinado aos 5.568 entes da Federação.
Para 2016, o repasse deverá chegar a R$ 4,5 bilhões.
— Esse aporte de recursos irá sem dúvida alguma atenuar a
injusta distribuição do bolo tributário, que beneficia a União, em detrimento
dos estados e dos municípios. É mais um passo que o Congresso Nacional está
dando para um novo pacto federativo — declarou o presidente do Senado, Renan
Calheiros.
Com o propósito de aumentar a capacidade de investimentos de
estados e municípios, informou Renan, o Senado aprovou proposições como a que
determina nova partilha dos impostos sobre o comércio eletrônico e a troca do
indexador das dívidas, já sancionada.
O presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN), anunciou aos prefeitos, ao final da sessão, que o Parlamento está em vias de concluir a
votação da proposta de emenda à Constituição 22A/2000, já aprovada no Senado,
que adota o orçamento impositivo.
— Vamos tentar aprovar o que os senhores aqui já aprovaram
por unanimidade, o orçamento impositivo, uma boa notícia aos municípios, que
tem sempre as suas emendas sujeitas a bom humor, mau humor, de todos os
governos, de ontem, de anteontem. E nós queremos acabar com isso, tornando esse
orçamento de emendas apresentadas pelos senhores parlamentares, atendendo a
reivindicações de municípios, impositiva. Portanto, hoje à tarde, eu espero que
a Câmara possa votar e aprovar. Quem sabe, nos próximos dias, teremos mais uma
promulgação — declarou.
FPM - A Constituição determina que a União repasse ao FPM um
total de 23,5% do produto líquido da arrecadação do Imposto de Renda (IR) e do
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Com a Emenda, o total passa a
ser de 24,5%.
No entanto, a aplicação do novo índice será feita em etapas.
Em julho de 2015, haverá o acréscimo de 0,5 ponto percentual no repasse e
somente em 2016 a outra metade será aplicada. O presidente da CNM, Paulo
Ziulkoski, estima que esse meio ponto significará R$ 2,2 bilhões a mais no
próximo ano. Com a aplicação do
percentual total de elevação, em 2016 serão R$ 4,5 bilhões a mais no repasse,
esclareceu.
— Foi uma vitória importante do municipalismo, resultado da
Marcha [dos Prefeitos] que nós fizemos. Não é um auxílio emergencial, vinculado
ou temporário e sim um que passa a fazer parte da estrutura arrecadatória do
país — avaliou Ziulkoski, em entrevista à imprensa.
Segundo ele, esse aporte será majoritariamente destinado à
Saúde e à Educação nos municípios, e vai ser primordial para o orçamento dos
que dependem dos recursos desse Fundo para manter as contas em dia.
Apesar do gesto considerado importante, Ziulkoski afirmou
que os municípios enfrentam “problemas gigantescos”, com prefeituras em atraso
com fornecedores, com pessoal e na prestação de serviços para o cidadão. O
aumento do FPM será um alívio, acrescentou.
A emenda tem origem na PEC 39/2013, que tem como primeira
subscritora a senadora Ana Amélia (PP-RS). A proposta foi aprovada em agosto
pelo Senado e referendada pela Câmara em novembro. O texto original previa o
aumento de dois pontos percentuais, mas ainda na tramitação no Senado houve a
redução para um ponto.
Tanto Renan quanto Henrique Alves afirmaram que, nos
próximos anos, a luta para o aumento dos repasses ao FPM prosseguirá.
O Fundo - O FPM foi criado pela Emenda Constitucional
18/1965 com o montante de 10% da arrecadação do IR e do IPI. O critério de
distribuição, que começou em 1967, baseava-se unicamente na população dos
municípios.
Posteriormente, houve uma diferenciação no repasse de
recursos, que passou a ser da seguinte forma: capitais (10%), interior (86,4%)
e reserva (3,6%) — neste caso, para municípios com população superior a 156.216
habitantes. O critério para distribuição é hoje uma combinação de número de habitantes e renda per capita.
Durante a sessão, Renan Calheiros informou que, em 2007,
houve promulgação de emenda que elevou o percentual de repasse em um ponto, para
os atuais 23,5% da arrecadação de IR e IPI.
A Emenda 84 altera o artigo 159 da Constituição Federal.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da
Agência Senado)
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