domingo, 25 de maio de 2014

Turismo agropecuário necessita de recursos e apoio


Conhecida por suas belezas naturais, Vila Velha orgulha-se de suas praias que atraem milhares de turistas durante o verão e as festas de fim de ano. No entanto, o que muitos turistas desconhecem é o fato de que a cidade também possui uma zona rural onde o bucólico se destaca com a exuberância de sua flora e fauna.


Partindo do princípio de que a cidade é privilegiada por possuir um Parque Estadual à poucos minutos do centro da cidade, a zona rural de Vila Velha também não fica devendo nada a ninguém. Uma vez que suas áreas repletas de árvores frutíferas atrai a atenção de quem resolve fugir do burburinho das praias para descansar os ouvidos e apreciar o silêncio desta zona que acorda com o canto do galo e dorme com a sinfonia dos insetos ou o coaxar dos sapos. Localizado na Barra do Jucu, à direita de quem segue em direção à Guarapari, a Fazenda Rico Caipira está localizada 6 km para dentro.


A quantidade de atrativos existentes na fazenda demonstram o zelo com que seus proprietários Claudete Zampier da Fonseca e Ricardo José Sobrera Nunes administram este espaço, tendo o apoio de mais de 40 funcionários, todos residentes nas imediações da fazenda, que se desdobram para garantir o conforto e o lazer dos turistas e visitantes.
Entretanto, nem tudo são flores, uma vez que falta interesse da Prefeitura Municipal de Vila Velha em proporcionar melhorias na infra-estrutura para que os turistas possam se locomover da melhor forma possível da Rodovia ES-060 ou ES-388 até a fazenda.
- Uma das maiores dificuldades que nós, como pequenos produtores temos é em relação à legislação do SIM. Nós estamos há quatro anos dependendo da aprovação dessa legislação para fomentar nosso negócio investindo cada vez mais na produção e com o objetivo de proporcionar ao mercado consumidor produtos de ótima qualidade com preços mais acessíveis. A área rural precisa do SIM para desenvolver, relatou Claudete.
Ela conta que muitos produtores que por não terem esse        SIM deixaram de produzir e participar de licitações e oferecer seus produtos para a merenda escolar.
Outra dificuldade relatada pela proprietária é quanto à regulamentação e a fiscalização da vigilância sanitária.




- Se tivermos o apoio da fiscalização e da vigilância sanitária, nós poderemos produzir nossos produtos legalmente e regulamentado, porque muitos continuam a produzir, mas clandestinamente. Entretanto com a legislação o consumidor terá ciência de que está comprando e consumindo um produto fiscalizado e inspecionado dentro dos padrões de higiene firmados pela empresa de vigilância sanitária e com o selo de qualidade.


Claudete reclamou ainda da falta de infra-estrutura da PMVV em não ter asfaltado a estrada que liga à rodovia à fazenda e também a falta de coleta de lixo, pois muitos moradores não tem onde colocar e jogar o lixo caseiro, causando uma série de incômodos na região.
- O que falta é a Prefeitura melhorar a infra-estrutura da região, com asfaltamento das estradas, fazer a coleta de lixo, melhorar a sinalização da região, além da ausência de meios mais eficazes de comunicação, como linhas de internet e até mesmo de telefonia celular, relatou.


Ela lembra que no final do ano passado (2013) as chuvas torrenciais que caíram sobre o Estado inundaram a estrada e muitos produtores e moradores da região ficaram completamente isolados pois o nível das águas estava muito acima do normal, inviabilizando o comércio e o trânsito e transporte de mercadorias.
Para nossa surpresa, ela contou que somente no ano passado (2013) é que chegou a telefonia no Xuri. “É como se estivéssemos em uma região esquecida”.
A falta de um financiamento direcionado para os pequenos produtores com carência diferenciada foi uma das queixas dessa empresária.



- Um dos problemas que enfrentamos é a falta de investimentos e de um financiamento direcionado para os pequenos produtores, uma vez que atualmente para conseguir o empréstimo o produtor precisa colocar a fazenda como caução, então isso para o pequeno produtor é muito complicado, explicou.
Claudete lembra que o índice de inadimplência dos pequenos empresários é zero por cento, enquanto que o índice de inadimplência das grandes empresas chega a 26%, conforme estudos do SEBRAE.
- Essa é uma outra realidade que deve ser levada em conta uma vez que, se o pequeno não puder pagar ele perde tudo, e deixa de produzir, pois a terra é o seu meio de angariar recursos para sua sobrevivência, por outro lado as grandes empresas estas não perdem nada.



Ela explica que a melhor forma dos bancos financiarem o crédito diferenciado para o pequeno produtor é fazê-lo de forma sustentável, e com um prazo de carência maior.

- Essa carência diferenciada é necessária, uma vez que no financiamento sustentável ao comprar uma máquina, precisamos treinar a mão-de-obra; comprar a matéria-prima para a produção que, em alguns casos leva dois meses ou mais para chegar; e quando inicia a produção é necessário ter de um a dois anos de carência, uma vez que o valor das vendas não entra de imediato, ele normalmente é parcelado. Porque é preciso ter a infra-estrutura, planejar o que você vai fazer como você vai executar a produção e como você irá receber aquilo e com juros abaixo do mercado para que o produtor possa ter condições de pagar o empréstimo feito, sem colocar em risco à sua fazenda, concluiu.

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