domingo, 25 de maio de 2014

“Tubarão comer lambari, é fácil! Quero ver tubarão comer tubarão!”



A frase acima pronunciada pela comerciante Soraia Fernandes reflete o sentimento dos empresários do Pólo de Confecções do bairro da Glória, em Vila Velha. O motivo é que os auditores do Ministério do Trabalho estiveram percorrendo algumas lojas no final de novembro do ano passado e constataram alguns casos e solicitaram dos empresários providências no sentido de construir banheiros masculino e feminino em todas as lojas, além de criarem um espaço para que os funcionários dessas mesmas lojas também pudessem fazer suas refeições.



Os lojistas do Pólo de Confecções do Bairro da Glória, em Vila Velha, estão indignados com os auditores do Ministério do Trabalho e Emprego que promoveram uma série de multas, notificações e principalmente exigências quanto a alguns aspectos da relação trabalhista entre funcionários e empresários no Bairro.
Para os lojistas, as exigências de construção de banheiros masculino e feminino em cada uma das lojas é inconcebível uma vez que a maioria das lojas é extremamente pequena cabendo pouco mais do que quatro a cinco pessoas na loja, além da exigência de um local apropriado para que os funcionários possam efetuar suas refeições.
Os empresários alegam que nunca tiveram apoio dos governantes para dar ao Pólo de Confecções da Glória um tratamento digno e adequado para funcionários e clientes que ali comparecem diariamente para efetuar suas compras.


O que os auditores e fiscais do trabalho desconhecem é que muitas dessas lojas foram outrora residências e com o “boom” das confecções no bairro iniciado pelo empresário Helvécio Quintão, os moradores resolveram colocar suas casas abaixo para construir lojas, garantindo assim um ótimo rendimento com o aluguel delas.
Na audiência pública realizada na Assembléia Legislativa do Estado do Espírito Santo, na última quarta-feira, 21 de maio, e presidida pelo presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da ALES, deputado Sandro Locutor, estiveram presentes autoridades dos segmentos interessados no debate como o deputado Dr. Hércules Silveira; o Superintendente substituto do Ministério do Trabalho e Emprego do Espírito Santo, Alcimar Candeias da Silva; o Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico de Vila Velha, Antônio Marcus Carvalho Machado; o Titular da Delegacia do Consumidor, Diogo de Freitas; o presidente do SINDILOJAS e representante do FECOMÉRCIO, José Carlos Bergamin; o Presidente da União dos Comerciantes Industriais e Profissionais Liberais da Glória e bairros vizinhos, Geilton Moreira da Costa, além de representantes da Associação dos Lojistas, da Câmara dos Diretores Lojistas (CDL), do Sindicato dos Lojistas de Comércio de Vila Velha (Sindilojas), da União dos Comerciantes do Centro de Vila Velha (Unicentro), do Ministério Público e da Delegacia do Consumidor.
Ao se pronunciarem os comerciantes alegaram dificuldades financeiras para atender as determinações do MTE.
O presidente do SINDILOJISTAS e representante do FECOMÉRCIO, José Carlos Bergamin, lembrou que, “nós só temos uma palavra, flexibilização, se é que queremos que o Pólo de confecções da Glória continue vigoroso, e beneficiando o Estado do Espírito Santo, como sempre fez”. Teceu comparações com outros lugares do Brasil e do Mundo, em relação ao número de empresas e empregos bem como da melhoria da qualidade de vida de parte da população que para ali se dirige todas as manhãs, para labutar e fazer com que o município de Vila Velha e o Estado do Espírito Santo, tenham arrecadação considerável e importante para o desenvolvimento da cidade e do estado.
“Tudo foi construído com lágrimas, suor e muito trabalho, não se nasce do nada sem muito esforço, e é muito ruim quando a gente vê lá na frente ícones do Pólo de Confecções da Glória, desencantados e reclamantes. Não estamos falando de apenas uma rua qualquer, mas de 1.200 portas, nós estamos falando de dez mil empregos. E tudo construído com recursos próprios”, afirmou.
Ele comparou o esforço e as dificuldades enfrentadas pelos lojistas da Glória, com as facilidades e benesses dadas pelos governos a empresas vindas de fora, que além de terem inúmeros benefícios e vantagens financeiras empregavam pessoas de fora do município e do estado, e que não concediam um número de empregabilidade comparável ao número dos lojistas da Glória, como ocorreu recentemente.
Um empresário do bairro da Glória confidenciou que anos atrás, os lojistas fizeram um projeto e entregaram a um governador, solicitando o apoio financeiro da ordem de R$ 5 milhões, mas que estes recursos foram negados. Em contrapartida, esse mesmo governo, concedeu a empresa Pirelli, as benesses de um auxílio financeiro da ordem de R$ 45 milhões, para gerar apenas 40 empregos, enquanto os lojistas da Glória iriam empregar mais de 1.000 pessoas.


Ao final da Audiência Pública, o Deputado Sandro Locutor, afirmou que o objetivo da Audiência Pública é discutir possível flexibilização das medidas impostas pelo Ministério do Trabalho, diante das dificuldades manifestadas pela maioria dos lojistas e a criação de Grupo de Trabalho para debater o tema, cujas datas já estão previamente agendadas para 27 de maio e 3 de junho, às 10 horas, na Assembléia Legislativa do Estado do Espírito Santo.
“Vamos buscar um acordo, pois algumas das normas exigem investimentos e espaço que os pequenos comerciantes não dispõem. Vamos discutir também sobre a abertura de um restaurante popular na região, que é visto como alternativa à necessidade de local adequado para as refeições dos trabalhadores”, afirmou o deputado.

Histórico – De acordo com dados do UNIGLÓRIA – União dos Comerciantes, Industriais e Profissionais Liberais da Glória e Bairros vizinhos, o Pólo de Moda Glória é formado por 1.200 lojas que geram aproximadamente 10 mil empregos. Tem um faturamento anual de cerca de R$ 500 milhões e arrecada para os cofres públicos R$ 45 milhões. Em dias de liquidação cerca de 800 mil pessoas circulam pelo local. 

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