A frase acima pronunciada pela
comerciante Soraia Fernandes reflete o sentimento dos empresários do Pólo de
Confecções do bairro da Glória, em Vila Velha. O motivo é que os auditores do
Ministério do Trabalho estiveram percorrendo algumas lojas no final de novembro
do ano passado e constataram alguns casos e solicitaram dos empresários
providências no sentido de construir banheiros masculino e feminino em todas as
lojas, além de criarem um espaço para que os funcionários dessas mesmas lojas
também pudessem fazer suas refeições.
Os lojistas do Pólo de Confecções
do Bairro da Glória, em Vila Velha, estão indignados com os auditores do
Ministério do Trabalho e Emprego que promoveram uma série de multas,
notificações e principalmente exigências quanto a alguns aspectos da relação
trabalhista entre funcionários e empresários no Bairro.
Para os lojistas, as exigências
de construção de banheiros masculino e feminino em cada uma das lojas é
inconcebível uma vez que a maioria das lojas é extremamente pequena cabendo
pouco mais do que quatro a cinco pessoas na loja, além da exigência de um local
apropriado para que os funcionários possam efetuar suas refeições.
Os empresários alegam que nunca
tiveram apoio dos governantes para dar ao Pólo de Confecções da Glória um tratamento
digno e adequado para funcionários e clientes que ali comparecem diariamente
para efetuar suas compras.
O que os auditores e fiscais do
trabalho desconhecem é que muitas dessas lojas foram outrora residências e com
o “boom” das confecções no bairro iniciado pelo empresário Helvécio Quintão, os
moradores resolveram colocar suas casas abaixo para construir lojas, garantindo
assim um ótimo rendimento com o aluguel delas.
Na audiência pública realizada na
Assembléia Legislativa do Estado do Espírito Santo, na última quarta-feira, 21
de maio, e presidida pelo presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da
ALES, deputado Sandro Locutor, estiveram presentes autoridades dos segmentos
interessados no debate como o deputado Dr. Hércules Silveira; o Superintendente
substituto do Ministério do Trabalho e Emprego do Espírito Santo, Alcimar
Candeias da Silva; o Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico de Vila
Velha, Antônio Marcus Carvalho Machado; o Titular da Delegacia do Consumidor,
Diogo de Freitas; o presidente do SINDILOJAS e representante do FECOMÉRCIO,
José Carlos Bergamin; o Presidente da União dos Comerciantes Industriais e
Profissionais Liberais da Glória e bairros vizinhos, Geilton Moreira da Costa, além
de representantes da Associação dos Lojistas, da Câmara dos Diretores Lojistas
(CDL), do Sindicato dos Lojistas de Comércio de Vila Velha (Sindilojas), da
União dos Comerciantes do Centro de Vila Velha (Unicentro), do Ministério
Público e da Delegacia do Consumidor.
Ao se pronunciarem os comerciantes
alegaram dificuldades financeiras para atender as determinações do MTE.
O presidente do SINDILOJISTAS e
representante do FECOMÉRCIO, José Carlos Bergamin, lembrou que, “nós só temos
uma palavra, flexibilização, se é que queremos que o Pólo de confecções da
Glória continue vigoroso, e beneficiando o Estado do Espírito Santo, como
sempre fez”. Teceu comparações com outros lugares do Brasil e do Mundo, em
relação ao número de empresas e empregos bem como da melhoria da qualidade de
vida de parte da população que para ali se dirige todas as manhãs, para labutar
e fazer com que o município de Vila Velha e o Estado do Espírito Santo, tenham
arrecadação considerável e importante para o desenvolvimento da cidade e do
estado.
“Tudo foi construído com lágrimas,
suor e muito trabalho, não se nasce do nada sem muito esforço, e é muito ruim
quando a gente vê lá na frente ícones do Pólo de Confecções da Glória,
desencantados e reclamantes. Não estamos falando de apenas uma rua qualquer,
mas de 1.200 portas, nós estamos falando de dez mil empregos. E tudo construído
com recursos próprios”, afirmou.
Ele comparou o esforço e as
dificuldades enfrentadas pelos lojistas da Glória, com as facilidades e
benesses dadas pelos governos a empresas vindas de fora, que além de terem
inúmeros benefícios e vantagens financeiras empregavam pessoas de fora do
município e do estado, e que não concediam um número de empregabilidade
comparável ao número dos lojistas da Glória, como ocorreu recentemente.
Um empresário do bairro da Glória
confidenciou que anos atrás, os lojistas fizeram um projeto e entregaram a um
governador, solicitando o apoio financeiro da ordem de R$ 5 milhões, mas que
estes recursos foram negados. Em contrapartida, esse mesmo governo, concedeu a
empresa Pirelli, as benesses de um auxílio financeiro da ordem de R$ 45
milhões, para gerar apenas 40 empregos, enquanto os lojistas da Glória iriam
empregar mais de 1.000 pessoas.
Ao final da Audiência Pública, o
Deputado Sandro Locutor, afirmou que o objetivo da Audiência Pública é discutir
possível flexibilização das medidas impostas pelo Ministério do Trabalho,
diante das dificuldades manifestadas pela maioria dos lojistas e a criação de
Grupo de Trabalho para debater o tema, cujas datas já estão previamente
agendadas para 27 de maio e 3 de junho, às 10 horas, na Assembléia Legislativa
do Estado do Espírito Santo.
“Vamos buscar um acordo, pois
algumas das normas exigem investimentos e espaço que os pequenos comerciantes
não dispõem. Vamos discutir também sobre a abertura de um restaurante popular
na região, que é visto como alternativa à necessidade de local adequado para as
refeições dos trabalhadores”, afirmou o deputado.
Histórico – De acordo com dados do UNIGLÓRIA – União dos
Comerciantes, Industriais e Profissionais Liberais da Glória e Bairros
vizinhos, o Pólo de Moda Glória é formado por 1.200 lojas que geram
aproximadamente 10 mil empregos. Tem um faturamento anual de cerca de R$ 500
milhões e arrecada para os cofres públicos R$ 45 milhões. Em dias de liquidação
cerca de 800 mil pessoas circulam pelo local.
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