Com horário de desfile agendado para a noite de 22 de
fevereiro, às 3h30 da madrugada no Sambão do Povo, em Vitória, a MUG -
Associação Recreativa e Cultural Mocidade Unida da Glória pretende levar para a
avenida toda a magia da história dos tapetes de rua de Castelo, assim como
fazer uma viagem mágica do paraíso ao santuário da fé e mostrar que o tapete
como decoração do lar também é visto nos contos e fábulas, como por exemplo o
tapete que leva Aladin a sobrevoar as noites de Bagdá.
“Pretendemos abordar ainda alguns mitos como as lendas do
rei Salomão, o tapete das 1001 noites, dos contos e fábulas, porque o carnaval
é uma arte e nos permite viajar neste mundo de fantasia e ilusão. Isso faz com
que possamos ter esses devaneios no carnaval” frisou Peterson Alves,
carnavalesco da escola.
Ele explica que até chegar ao Santuário da Fé, que fica na
cidade de Castelo, a escola pretende mostrar os tapetes artesanais e os tapetes
de rua, que são montados por grandes artesãos da fé, todos os anos, durante a
festa de Corpus Christi, uma vez que o povo de Castelo foi abençoado com essa
arte do grande Mestre.
Há dez anos como carnavalesco da MUG – Mocidade Unida da
Glória, Peterson Alves, já conquistou quatro carnavais nos anos de 2005, 2008,
2011 e no ano passado.
“Esse ano iremos colocar na avenida 2.200 pessoas, desde a
comissão de frente até o último empurrador de carro. Serão 20 alas ao todo, com
5 carros alegóricos, e a bateria é composta por 160 ritmistas”, relatou
Peterson.
Sobre os preparativos da escola Peterson informou que a
escola começou a se preparar desde o início de junho. “Uma vez que estávamos naquela
fase de escolher qual seria o enredo, e então decidimos fazer essa homenagem
aos tapetes, contando a história do município de Castelo, mas também
homenageando a nossa cidade de Vila Velha”, contou.
Ele informa que as pesquisas sobre o enredo começaram ainda
em junho do ano passado, e assim que foi definido o tema, iniciaram o trabalho
de composição e desenvolvimento do carnaval enfrentando dificuldades
financeiras como todas as escolas de samba, uma vez que a subvenção da
Prefeitura de Vila Velha, orçada em R$ 240 mil reais, foi acordado que seria
dividida com outra escola de Vila Velha.
O início dos trabalhos efetivos no barracão só teve início
em outubro. E hoje (dia em que a matéria foi realizada), havia apenas seis dias
para o desfile e o corre-corre era muito grande, “mas graças a Deus está
correndo tudo da melhor forma, pela quantidade de pessoas que estão trabalhando
aqui como voluntárias para realizarmos esse carnaval” disse.
O carnaval como obra de arte é rico em detalhes e esse
aspecto não foi esquecido pelo carnavalesco, “normalmente nós começamos a
trabalhar a partir de agosto, porque é um carnaval muito grande, e rico em
informações, então demora muito tempo para que possamos concluir esse trabalho”
Sobre o material empregado para a confecção de um carnaval
tão grandioso Peterson revela que, “90% do nosso carnaval vem de fora, ou seja,
todo o material é adquirido em São Paulo e Rio de Janeiro, e até mesmo do
exterior como é o caso das plumagens”.
Ele lamenta apenas que com tantas festas realizadas pela
escola com o intuito de angariar fundos para suprir as necessidades do
carnaval, o público capixaba ainda não é aquele público apaixonado por
carnaval, como ocorre nos grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo.
“As escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo não
sofrem a perseguição que nós sofremos aqui em Vila Velha, uma vez que nem
sempre podemos fazer shows que ultrapassem determinados horários, por conta do
Disque-Silêncio, e também por causa do Corpo de Bombeiros, que já tentou
embargar a obra e cobra projetos de combate ao incêndio. Só esse projeto de
combate ao incêndio custa R$ 120 mil reais. Se gastarmos esse valor com o
projeto, não teremos condições de fazer nosso carnaval”, desabafou Peterson
Como também ocorre em outras cidades brasileiras onde o
carnaval é uma festa e recebe subvenções das prefeituras. Em Vila Velha, o
valor da subvenção orçada pelo prefeito Rodney Miranda e assinada na última
sexta-feira, 14 de fevereiro (oito dias antes do carnaval) foi de R$ 240 mil reais,
mas divididos com a escola de São Torquato. O que dá uma média de R$ 120 mil
reais. “Esse praticamente é o valor do custo das ferragens para ornamentação
dos carros alegóricos”, frisou. Mesmo assim, contando com a iniciativa e o
apoio popular a escola consegue arrecadar um pouco mais através do apoio da
comunidade e de pessoas abnegadas e apaixonadas pela escola.
“O valor da subvenção é pouco. Se ajuda, eu digo que ajuda,
mas é um valor ínfimo diante da grandiosidade que é o espetáculo do carnaval e
para uma escola que leva uma imagem positiva de Vila Velha”, disse o
carnavalesco.
Nesse momento os olhos do carnavalesco brilham quando ele
questiona qual é a maior referência cultural da cidade de Vila Velha, uma vez
que a MUG é uma referência cultural e envolve a comunidade ao redor dela,
agregando projetos sociais e infantis, já que as crianças ao invés de estarem
nas ruas à toa estão na escola participando de atividades e oficinas,
realizando e executando outros trabalhos manuais, durante boa parte do ano.
Peterson revela que o custo total de preparação para o
carnaval é da ordem de R$ 1 milhão de reais, pela grandiosidade que é o
carnaval. Mas o público fiel só começa a freqüentar a escola justamente nos
meses de dezembro e janeiro, quando estão de férias e há ainda a presença de
inúmeros turistas de outras partes de país que amam o carnaval e vem para cá
acompanhar os nossos trabalhos e participar das nossas festas, como feijoadas,
etc.
Face aos problemas financeiros que a escola sofre, e
indagado sobre a presença de tantas pessoas trabalhando, Peterson revela que a
maioria é de pessoas voluntárias que querem ver um grande carnaval. “como
muitos deles não possuem condições de comprar o ingresso para assistir ao
desfile nas arquibancadas eles participam trabalhando e acabam conquistando um
espaço na avenida para sair com a escola”, relatou.
Ele acrescentou que há dias em que há mais de 100
voluntários trabalhando no barracão. Esse número é fruto do seu apelo junto a
comunidade. Um exemplo relatado foi quando a Prefeitura de Vitória, enviou
cerca de 200 ingressos para serem vendidos no Barracão da Escola. “quando
cheguei e vi aquela multidão, sabia que muitos não conseguiriam adquirir o
ingresso e iriam embora tristes, então resolvi junto com o presidente Robertinho
convidar as pessoas que não conseguiram esses ingressos para nos ajudar como
voluntários e conseguir passar o carnaval conosco na avenida”.
Concluindo ele agradeceu ao carinho e empenho do presidente
da Escola, Carlos Roberto dos Santos Ribeiro, o Robertinho, de toda a
comunidade e daqueles que todo final de semana comparecem ao Barracão da Escola
para ajudar com R$ 10,na compra de ingresso para participar da Escola uma vez
que eles sabem que no dia do desfile, eles verão um grande carnaval” concluiu.
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